Perspectivas de multilinguismo e inclusão digital dos povos indígenas na Internet do Brasil



Parte I – Sobre proponente e co-proponente

Proponente

Nome:

Mark W. Datysgeld

Estado:

São Paulo

Região:

Sudeste

Setor:

Empresarial

Organização:

Governance Primer

Co-proponente

Nome:

Sávyo V. de Morais

Estado:

Rio Grande do Norte

Região:

Nordeste

Setor:

Governamental

Organização:

Parte II - Sobre o Workshop

Formato do workshop

Mesa redonda

Resumo do workshop

O mundo dos nomes de domínios foi por muito tempo restrito a usos como “exemplo.org”, mas com a evolução da rede, emergiram novas maneiras de representação linguística, e já são observados endereços contendo caracteres da maioria dos alfabetos do mundo. No Brasil, até os maiores websites e serviços possuem dificuldade em lidar com essa inovação, mas existem ganhos em mirar superar isso, tanto na questão global como principalmente em relação a nossa população indígena e sua inclusão.

Objetivos e conteúdos do workshop

O workshop busca, por meio de um formato de mesa redonda, trazer casos concretos de multilinguismo e inclusão digital na Internet para debate, de modo a expor a situação atual da pauta e fomentar discussões que agreguem ao tema a partir de uma perspectiva brasileira. O ponto inicial do debate são estudos conduzidos entre 2018 e 2019 que apontaram que dentre os websites mais populares da Internet brasileira, menos de 50% está preparado para se comunicar com um e-mail contendo em seu domínio caracteres Unicode, ou seja, aqueles que estão fora dos 128 sinais contidos no padrão ASCII. O mesmo estudo apontou que quando se trata de um e-mail como “usuário@nic.br”, contendo acentuação antes da @, menos de 15% estão preparados. A aceitação desta tecnologia é importante para o fortalecimento da identidade cultural local, tanto das línguas latinas quanto da diversidade de línguas indígenas brasileiras. Dento da pauta indígena, esse pode se tornar um aspecto importante na inclusão digital, pois somado à carência de conteúdo em suas línguas tradicionais, são compostos fatores linguísticos na exclusão digital dos povos originários. Quais são as implicações desse debate para a Internet brasileira e que ações já existem ou estão sendo planejadas para facilitar essas mudanças? Com base em estudos empíricos, olharemos para a questão ponderando a perspectiva considerando a diversidade de nosso país, com variedade impressionante de línguas estrangeiras e nativas. O tempo será dividido da seguinte forma: Mesa redonda: 60 minutos Interação com o público: 30 minutos Assim, estaremos focados principalmente em ouvir as impressões dos participantes, para trazer preocupações e adições que ainda não conhecemos em um primeiro momento, pela falta de oportunidade de interações desse tipo, tornando a oportunidade valiosa para a produção de um relatório a ser distribuído posteriormente, descrevendo uma impressão brasileira a respeito do tema.

Relevância do tema para a Governança da Internet

O alcance global da Internet é um aspecto inerente à forma como a rede foi planejada, mas é inegável que o foco inicial de seu desenvolvimento era embasado em uma perspectiva estadunidense, o que se somava a limitações técnicas e também à falta de uma entidade de padronização como a Unicode, o que levou a Internet a ser pensada para acomodar não muito mais que o padrão ASCII, com apenas apenas 128 sinais. Esses sinais não eram capazes de expressar a diversidade linguística mundial, o que levou a muitas adaptações para possibilitar o progressivo ingresso de diferentes culturas à rede. Olhando para a própria língua portuguesa, é feito uso constante de escrita que não é plenamente suportada na Internet, e mesmo que exista algum apoio por parte de diferentes atores, a falta de um consenso real faz com que elementos como o “cê cedilhado” sejam praticamente inexistentes em endereços de websites e de e-mail. A situação se torna ainda mais complexa se pensarmos nas línguas nativas do Brasil, que possuem outras dependências linguísticas. Assim, a carência de estudos sobre a forma escritas das línguas indígenas brasileiras na internet , o potencial não mapeamento de seus caracteres especiais latinos e não-latinos no Unicode, e a não aceitação destes caracteres por websites e plataformas acabam acentuando ainda mais a exclusão digital destes povos. Conforme iniciativas concretas vão sendo fomentadas em espaços como o da ICANN e do IGF, se fazem necessárias discussões regionais que tragam essas preocupações para que possam ser apreciadas. Nacionalmente, algumas iniciativas reduzem a exclusão digital e reforçam os aspectos culturais, como estudos publicados em 2018 e 2019 pelo UASG que mediram a aceitação caracteres especiais em endereços de e-mail nos websites brasileiros, o Projeto Terena, apoiado pela ISOC no chapterthon 2019, que ajuda naa produção de conteúdo em língua nativa juntamente com uma comunidade indígena Terena no Mato Grosso do Sul.

Forma de participação dos(as) palestrantes

Após uma introdução de 5 minutos do moderador, os painelistas terão 7 minutos para apresentar alguma ideia concreta a respeito do tema do multilinguismo e internacionalização, se apoiando em casos e estudos para trazer subsídios para a mesa. Se seguirão 20 minutos de debate no qual serão exploradas as questões levantadas e se tentará encontrar pontos chave considerados como desafios para a Internet brasileira nesses quesitos. Nos 30 minutos restantes, a audiência irá interagir com os painelistas com o objetivo de trazer uma perspectiva mais ampla para o que foi discutido.

Engajamento da audiência presencial e remota

Durante o período aberto de discussão serão intercaladas as interações entre os meios de participação disponíveis. A participação remota será aceita tanto pelos canais oficiais do fórum quanto pelo Twitter por meio das hashtags #FIB2021 e #Multilinguismo. Desta forma, espera-se que todo o público consiga interagir de maneira completa. Como estratégia para alcançar os povos indígenas do Brasil, vamos articular uma série de conteúdos para redes sociais em conjunto com organizações parceiras do movimento indígena como o Centro Popular do Audiovisual (Manaus/AM). O organizador possui experiência na organização de 6 painéis para o Internet Governance Forum Global, assim como de participação em painéis do FIB como painelista; o coorganizador também possui vasta experiência em eventos especializados e em participações no FIB. 30 minutos de nosso tempo serão dedicados a promover esse debate e interação com participantes presenciais e remotos que possam adicionar mais perspectivas ao tema.

Resultados pretendidos

O workshop busca dois resultados distintos, porém complementares. O primeiro é o de trazer uma maior atenção para esses temas, muito pouco debatidos no Brasil, contando com poucas intervenções fora de espaços altamente nichados e geralmente reservados para um público especialista. O segundo é o de promover uma discussão entre atores nacionais vindos de diferentes áreas de atuação e a partir do que for obtido como resultado da interação com o público, gerar o primeiro relatório que descreve uma perspectiva brasileira sobre esse tema, a ser entregue ao Universal Acceptance Steering Group (UASG), a maior comunidade do mundo de especialistas no assunto, visando ampliar nossa voz dentro da pauta e trazer atenção para questões relevantes a nosso país. Além disso, buscamos fortalecer a participação indígena nos eventos de governança da Internet com o propósito de ampliar a representação dos povos e comunidades tradicionais do país.

Relação com os príncipios do Decálogo

Universalidade

Temas do workshop

Multilinguismo | Povos originários e tradicionais | Protocolos e padrões da Internet

Aspectos de diversidade relevante

Gênero | Cor ou raça | Região

Como a proposta integrará os aspectos de diversidade

O workshop respeita questões de diversidade de gênero e região. A proposta também aborda a diversidade cultural do país ao tratar diretamente, com certo ineditismo, a pauta indígena em um workshop do FIB.

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